Logo após a Finlândia se manifestar formalmente sobre sua candidatura de entrada na OTAN, a Suécia fez o mesmo nesta segunda-feira 16 de maio.
A Suécia e a Finlândia sempre foram cautelosas sobre esse tema sensível de aderir ao tratado, uma vez que essas duas nações já sofreram avisos agressivos da Rússia caso elas mostrassem interesse em entrar na aliança porém, por conta da guerra na Ucrânia onde um país não era invadido dessa forma desde a 2° Guerra Mundial, fez com que esses países saíssem da neutralidade como consequência direta da guerra.
Depois de quase dois séculos de neutralidade e de não possuir um alinhamento militar, a primeira-ministra sueca Magdalena Andersson durante uma entrevista coletiva, sublinhou: “estamos saindo de uma era para entrar em uma nova. A Suécia espera, ser membro da OTAN no prazo máximo de um ano.” ( aqui )
Finlândia se prepara para uma possível invasão russa:
O caso é ainda mais grave para a Finlândia, que no passado já teve incontáveis conflitos armados com a Rússia.
O país possui 1340 km de fronteira com a Rússia. Em 1939-1940 os filandeses travaram uma guerra com a Rússia (União Soviética) e perdeu a área mais industrializada para ela.
A Finlândia está se preparando há anos para uma eventual invasão.
Ela já possui um estoque de:
6 meses de combustível e grãos;
3 a 10 meses de medicamentos importados
Piscinas e pistas de gelo estão prontas para serem transformadas em centros de evacuação.
A capital Helsing possui várias ruas subterrâneas que servirão de Bunkers.
Dos 5.5 milhões de habitantes, 280 mil fazem parte do exército e o país conta com 900 mil reservistas, uma pequena população para proteger um território tão vasto e quase inabitado, por essa razão, os finlandeses agora pediram para entrar na OTAN.
As áreas em marrom são os territórios que pertenciam a Finlândia antes de 1940
O aviso russo
No último sábado a Rússia cortou a energia da Finlândia, porém o vice-presidente sênior de operações do sistema de energia da Fingrid, Reima Päivinen, disse que a suspensão não teve nenhum impacto no mercado e que a Finlândia “pode lidar” com o corte, já que a eletricidade russa representa uma pequena fração do consumo total do país. ( aqui).
Adesão a OTAN
Muitos países membros apoiam a entrada desses países nórdicos a OTAN, principalmente as potências militares do continente europeu como o Reino Unido e França.
Porém, para que eles consigam entrar na aliança precisam de um voto unânime, ou seja, todos os 30 países devem ser favoráveis, e a Turquia já se posicionou contra. A justificativa dada por Erdogan presidente da Turquia é que, a Suécia suspendeu a venda de armas para a Turquia desde 2019 devido à operação militar de Ancara na Síria. A Turquia também acusa a Finlândia de abrigar grupos terroristas, incluindo militantes curdos. ( aqui )
Essas desavenças históricas e políticas devem atrasar ou bloquear a entrada desses dois países ao Bloco da Aliança Militar.
França disse estar pronta a proteger militarmente os países Nórdicos
“A França reafirma seu compromisso, em virtude do artigo 42.7 do Tratado da União Europeia, e está disposta a reforçar a cooperação na matéria da defesa e da segurança com estes dois parceiros, mediante consultas estratégicas de alto nível e uma maior interação militar“, acrescentou o Eliseu.
O artigo 42.7 do Tratado de Lisboa é uma cláusula de defesa mútua entre os Estados membros da UE. A França é potência bélica da EU, e a única que possui armas nucleares o que poderia frear as ambições russas até a adesão desses dois países a OTAN.
“Erro grave”
Para o vice-chanceler russo Sergei Riabkov, por outro lado, a decisão da Suécia e da Finlândia constitui um “erro grave” cujas “consequências terão consequências de longo alcance“. ( aqui )
Enquanto o Kremlin explicou sua invasão da Ucrânia pelo risco de uma expansão da OTAN à sua porta, a adesão da Finlândia aumentará as fronteiras terrestres entre a Rússia e os estados da aliança em cerca de 1.300 quilômetros.
Com a adição da Suécia, o Mar Báltico se tornaria um “lago da Otan“, fora das águas russas ao largo do enclave russo de Kaliningrado e São Petersburgo.
POR: LUCCAS LIMA
correspondente internacional na França