POR: LUCCAS LIMA – correspondente internacional na França
No domingo 3 de dezembro, a Venezuela realizou um referendo nada confiável para saber se o povo venezuelano apóia a anexação do território Essequibo rico em petróleo, e segundo o governo, 95% da população votou SIM.
O Essequibo corresponde a cerca de 75% do território da Guiana, e o Brasil chegou a afirmar um acordo para ajudar a Guiana a explorar o petróleo no governo Bolsonaro, mas agora o futuro da Guiana e do Brasil parece estar incerto pois não é segredo que Lula é aliado de Maduro e que nesse primeiro ano de mandado ele ajudou a Venezuela a ter mais voz na Geopolítica, tal conflito dificilmente aconteceria se o governo Bolsonaro estivesse no poder.
A embaixada da Venezuela no Suriname já colocou um mapa atualizado com o da Venezuela com a nova região anexada.
Por sua vez, o Brasil e os Estados Unidos principais potências do continente, já estão se mobilizando no conflito. Quinta-feira, 7 de dezembro, as tropas americanas realizaram manobras aéreas ao lado da Força Aérea da Guiana. Ao mesmo tempo, Washington garantiu a Georgetown o seu “apoio incondicional” escreveu o jornal colombiano El Tiempo ( aqui ).
Enquanto isso, o exército brasileiro reforça a presença militar na fronteira norte, que partilha com as duas nações, ao mesmo tempo em que dialoga com o ditador Nicolas Maduro para tentar preservar a paz na região.
Interesse americano
Em 2015, foi descoberta uma enorme reserva de petróleo na Guiana pela empresa americana ExxonMobil na região do Essequibo, a mesma encoraja a participação dos Estados Unidos nesse conflito, uma vez que a Rússia e a China estão interessadas no petróleo venezuelano. A empresa americana responsável pela descoberta disse:
“E claro que […] a cessão da soberania da Guiana[ em benefício de uma ordem econômica
liberal ] beneficia principalmente as empresas americanas.”
Antes dessa descoberta, o conflito da região do Essequibo estava adormecido há mais de um século.Cada uma das partes baseia-se em diferentes interpretações de um tratado assinado em Paris em 1899 para justificar as suas reivindicações.
Mas a atribuição de licenças de exploração de petróleo e gás concebidas pela Guiana na área disputada fez com que Caracas reagisse, e decidiu de anexar 1600 km quadrados, mais de 2/3 do território vizinho.
As reservas, equivalente a 11 bilhões de barris de petróleo, descobertas ao longo da costa do Essequibo poderão tornar o antigo protetorado britânico num dos países mais ricos do mundo.E representam um novo parceiro estratégico a Joe Biden, enquanto a Venezuela atravessa uma
grave crise econômica.
Ameaça a estabilidade da região
O governo Lula anunciou o envio de 28 veículos blindados ao Estado de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.
Durante a reunião dos países membros do MERCOSUL, que começou na quinta-feira, 7 de dezembro, no Rio de Janeiro, os líderes brasileiros deixaram claro que um conflito iria afetar seriamente a tentativa de facilitar o advento de um poderoso bloco na regional.
Por conta da ditadura que trouxe pobreza e fome a Venezuela, cerca de 5,5 milhões de venezuelanos deixaram o país, fazendo com que seja uma das maiores crises de deslocamento no mundo, somente a Colômbia abriga cerca de 1,1 milhão de refugiados e migrantes, e agora mais uma vez a Venezuela pode trazer ainda mais instabilidade na América do Sul caso haja uma invasão no país vizinho.
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