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O fim de Davos e o renascimento do Oriente Médio: Trump e o “Eixo da Paz”

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Karina Michelin

Acordo de paz em Gaza encerra dois anos de guerra e inaugura uma nova era geopolítica — marcada pelo colapso do globalismo, pela reafirmação da soberania e pelo retorno da força como instrumento legítimo de estabilidade.

O Médio Oriente entrou numa nova era em 13 de outubro de 2025. Nesse dia, o grupo Hamas libertou os últimos reféns israelenses vivos em troca da libertação de quase 2 000 presos palestinos. O presidente norte‑americano, Donald Trump, proclamou no Parlamento de Israel que “os céus estão calmos, as armas estão silenciosas” e anunciou o fim da guerra de dois anos. A trégua decorreu de um acordo mediado pelos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia, assinado numa cúpula em Sharm el‑Sheikh, Egito, que promete preparar a reconstrução de Gaza e abrir caminho para uma paz regional mais ampla. O episódio marca não só a detenção dos combates, mas também o enfraquecimento das elites globalistas de Davos, a reafirmação da força americana e a consolidação de um “eixo da paz” árabe‑israelense que reposiciona a ordem mundial.

A virada começou meses antes, em 21 de junho de 2025, quando Trump autorizou bombardeios a três instalações nucleares do Irã — Fordow, Natanz e Esfahan . O presidente anunciou nas redes sociais que a missão, realizada por militares norte‑americanos, foi um sucesso e declarou que era “hora de paz”. A operação, classificada como preventiva por Washington, esvaziou a capacidade dissuasiva iraniana e impôs um recuo de Teerã. A China e a Rússia, principais aliados da república islâmica, não reagiram, deixando claro que a única potência capaz de intervir decisivamente no Médio Oriente continua a ser os EUA.

O ataque mudou o cálculo estratégico dos atores regionais. Ao ver que o Irã não retaliou, líderes de países sunitas, como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes e Catar, passaram a apoiar ativamente o plano americano de desarmar o Hamas e construir uma nova ordem regional. A posição foi formalizada na cúpula de 13 de outubro em Sharm el‑Sheikh, onde os mediadores assinaram documento comprometendo‑se a implementar e sustentar o acordo de Gaza .

O cessar‑fogo resultou numa libertação de prisioneiros sem precedentes. Israel recebeu todos os 20 reféns vivos, enquanto ônibus trazendo palestinos libertados foram recebidos com festa em Ramallah. No mesmo dia, Trump discursou ao Knesset, afirmando que “um longo pesadelo” chegara ao fim e que começava “um amanhecer histórico de um novo Oriente Médio” .

Os EUA, o Egito, o Catar e a Turquia definem o acordo como a primeira fase de um processo que deverá incluir a reconstrução de Gaza e um novo arranjo de segurança na região. A Autoridade Palestina reivindica papel central nesse plano, mas Israel resiste. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, ausentes na cúpula, aguardam os resultados iniciais antes de aderir formalmente ao “Eixo da Paz”.

Ao contrário do que muitos analistas esperavam, os mercados reagiram de maneira comedida à trégua. O petróleo recuou cerca de 0,36% (Brent) e 0,40% (WTI) em 9 de outubro, quando os investidores ponderavam o impacto do cessar‑fogo em Gaza e os dados de estoques nos EUA. A agência Reuters destacou declarações do economista Claudio Galimberti, da Rystad Energy, que classificou o acordo de paz como “um avanço histórico” cujas implicações para o mercado petrolífero podem ser vastas. O ouro, por sua vez, manteve‑se acima de US$ 4 000 a onça, refletindo a cautela dos investidores diante da incerteza global, apesar do avanço diplomático em Gaza.

Em vez de uma euforia generalizada, as bolsas concentraram‑se em outros fatores, como a política monetária americana e a crise política na França. Essa reação sugere que, embora o acordo contribua para aliviar o risco geopolítico, os mercados ainda aguardam desdobramentos — especialmente a implementação de uma governança sustentável em Gaza e a possível abertura de negociações com Teerã.

A sucessão de eventos representa a derrota do globalismo encarnado por Davos e a vitória de líderes que privilegiam a soberania nacional –  a data de 21 de junho marcou um ponto de inflexão. A China e a Rússia demonstraram impotência ao não reagir ao ataque americano, e isso pavimentou a via para o Plano Trump, culminando no cessar‑fogo de outubro. O Trumpismo entendido como pragmatismo econômico e força dissuasiva — ganha popularidade no Médio Oriente, pois os países do Golfo estão diversificando economias e apostando no capital privado.

Embora o fim da guerra seja motivo de celebração, desafios permanecem. Israel e Hamas ainda não concordaram sobre a administração futura de Gaza. A reconstrução exigirá dezenas de bilhões de dólares. O Irã, embora silencioso após o ataque de junho, continua apoiando outras milícias na região e pode retomar seu programa nuclear. Os mercados, por ora, seguem atentos a esses desdobramentos enquanto redirecionam investimentos entre commodities, ativos de risco e refúgio.

O “Eixo da Paz” — aliança entre Israel, os Estados árabes moderados e os Estados Unidos — desponta como a arquitetura mais transformadora do século XXI. Se consolidado, poderá redefinir a geopolítica do Oriente Médio, enfraquecendo o poder das organizações supranacionais que, durante décadas, monopolizaram o discurso da “paz” enquanto alimentavam a instabilidade, o terror e o caos.

É o fim da Paz Global de fachada, construída em salões de Davos, e o início da Paz Real, nascida da soberania das nações, da força legítima e da coragem de enfrentar os agentes do caos com propósito.

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Karina Michelin

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